Através deste artigo não viso, de forma nenhuma desrespeitar a dor da perda, que qualquer família sempre sente ao perder um parente, por crer que seja em qual situação for, o sofrimento é autêntico. O objetivo do artigo é fazer uma análise de como funciona o processo de comunicação na mídia e chamar a atenção para detalhes que muitas vezes, sequer são percebidos, ao se olhar de maneira simplesmente emocional.
Desta vez, falo do caso do sumiço da engenheira Patrícia Franco. Todos conhecem a história da jovem, que voltava de um show na Urca e que misteriosamente desapareceu. A primeira suspeita foi que a mesma não tivesse respeitado uma blitz, acabando por ser atingida pelos policiais que se encontravam na mesma. E estes teriam se utilizado da ajuda de companheiros também policiais, para dar sumiço na mesma.
Tudo se encaixando, certo? Talvez, não. Para começar, as perícias feitas pela balística indicam que as capsulas encontradas na lataria, não condizem com as armas de trabalho e nem com particulares dos policiais. Não foi encontrado qualquer indício de DNA, nas roupas ou em carros dos policiais, que indique que eles tenham removido qualquer corpo da cena do crime. Ainda que fossem utilizados alvejantes no carro, não haveria tempo hábil para remover tudo, sinais deste tipo sempre permanecem.
Ainda assim, a família da jovem desaparecida utilizou-se de sua influência para fazer um site sobre o ocorrido, trazendo boa parte da opinião pública(“artistas” e “personalidades”) para o seu lado. Eles estão em seu direito, mas é chocante ver a mídia se precipitando, diante de uma investigação não está concluída. E ainda ver a cara de indignado dos repórteres quando noticiam que há na internet um blog em defesa dos policiais. Dois pesos e duas medidas?
Isso me lembra outros casos que houveram no passado, como o caso da Escola Base, em SP. Ainda que todos estejam certos e os policiais sejam os culpados, infelizmente nossa polícia e o judiciário não poderão cumprir o seu papel. Isso porque está havendo um claro desequilíbrio, com a mídia e alguns elementos da sociedade civil roubando o especo que deveria ser ocupado pelos poderes legalmente constituídos.
Só um alerta: seria mais fácil para esses movimentos civis, que se unissem por um todo, ao invés de trabalharem de maneira separada. E que haja a mesma cobrança quando for a morte de um pobre, pois é discrepante a cobrança que é feita quando morre alguém das áreas nobres do Rio de Janeiro, se for comparado com alguém de classe mais baixa.